Quem nunca comprou algo que sequer saiu da embalagem? Ou aquele produto que estragou na geladeira “esquecido”? Sem contar aquele vestido usado uma única vez. Eu, você e todo mundo já passou e passa por essas situações. Agora pense que “todo mundo” fazendo esse pouquinho aí, se somado, dará quanto de impacto para o meio ambiente? Afinal, quanto mais a gente consome, mas exige produção. E a matéria-prima vem, na grande maioria das vezes, da natureza.
Pensar antes de consumir pode mudar esta cultura. A ideia converge para o objetivo 12 da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU): Consumo e produção responsável. Hoje, aproximadamente 30% de tudo o que é produzido no mundo é desperdiçado, especialmente o alimento é perdido antes de chegar à mesa do consumidor. O planejamento e a logística mais precisos são as ferramentas apontadas como melhoramento desses números, mas para antes de qualquer coisa é necessário mais conscientização e compromisso com a meta.
Na ODS #12, a ONU propõe implementar o Plano Decenal de Programas sobre Produção e Consumo Sustentáveis, com todos os países tomando medidas. As medidas incluem desde campanhas de conscientização para adoção de estratégias sustentáveis entre a população e também no ambiente empresarial; além de outras soluções contra o trabalho escravo e demais que você pode ver aqui.
Tá bom, vamos para prática porque na teoria tudo parece fácil. É realmente uma mudança no mindset para driblar tanta oferta e sedução publicitária por aí. Primeiramente, pare e pense!
O negócio de Lara Tironi, co-fundadora da LOC, um aplicativo de aluguel de roupas, é exatamente colocar em prática o consumo sustentável. Em um mercado tão “acelerado” onde o consumidor sente o ímpeto de comprar com muita frequência, como ela diz, a LOC foge de ser um brechó online e estimula ao empréstimo de roupas casuais à preços acessíveis. “Na verdade, a gente raramente precisar TER as coisas. Basta apenas TER ACESSO às coisas. E, na nossa concepção, a roupa mais sustentável é aquela que já existe”, diz a empreendedora.
Ela ensina um truque para quem compra muito e quer mudar esse hábito: “A ideia é que antes de ir, automaticamente, em um shopping e comprar determinada peça, a gente considere outras estratégias. Posso aproveitar algo que já tenho para esse propósito? Posso comprar de fornecedores locais? Posso alugar, ao invés de comprar?”, sugere.
Lara Tironi destaca também a importância de ter consciência sobre a produção do produto comprado. “Uma mentalidade importante que nem sempre temos é: quando compramos algo, nos tornamos responsáveis por aquilo. Quem fez isso? O que acontece se eu não quiser mais isso em meu armário? Para onde essa peça vai? O que significaria “jogar fora”? Fora onde? Refletir sobre isso antes de efetivar a compra é muito importante”, destaca.
A empreendedora ressalta que essa reflexão impacta diretamente a performance das marcas que passam a ter uma produção mais transparente e responsável com foco na sustentabilidade.
A LOC integra um novo movimento de consumo e atualmente atinge mulheres, de 21 a 30 anos, que consomem moda 1x por mês. “A ideia é que o LOC entre na vida dessas pessoas como uma alternativa: agora ela pode, sim, estar atualizada e se divertir com a moda, sem necessariamente participar desse consumo excessivo”, explica.
A tecnologia tem ajudado e muito em quem aderiu ao consumo consciente. Um deles exemplo é o site Blue Zup. A ideia é você testar, durante três dias, um produto tecnológico antes de decidir se quer realmente comprar. Você aluga, por uma média de R$3, utiliza e depois decide se vale a pena investir, ganhando, inclusive, desconto do valor usado no aluguel. Além disso, você recebe o produto em casa, tendo “embaixadores” da plataforma como os entregadores, o que gera oportunidades de trabalho. A ideia é de uma startup curitibana que se desenvolveu no Vale do Silício, nos Estados Unidos, e depois foi implantada no Brasil.
De Vitória, Espírito Santo, vem outra alternativa que pode contribuir, inclusive, com o desenvolvimento do comércio do seu bairro, gerando mais renda, por exemplo. A Shipp é um delivery de vestuário a comida, com a promessa de realizar a entrega em até 60 minutos.
A ferramenta usa geolocalização e automação para acionar entregadores e loja próximas ao cliente solicitante. “O delivery feito com uma estrutura colaborativa torna um marketplace muito mais sustentável, pois não arca com os altos custos fixos. Desde o primeiro momento fez muito mais sentido seguir dessa forma e quisemos liderar esse processo, trazendo esta rede colaborativa para dentro de uma plataforma nossa. Assim criamos a Shipp”, conta Tomás Scopel, cofundador da Zaitt e da Shipp. No aplicativo, o seleciona e faz sua compra, tendo mais tempo para pesquisar virtualmente antes mesmo de efetivar a compra.
Repensar as formas de consumo e analisar também como é produzido o que nós consumimos é uma forma de colaborar ativamente com a sustentabilidade do planejar e construir uma vida melhor. Comece hoje!
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